Como resultado de um intenso processo de seleção genética visando a prolificidade, as fêmeas suínas modernas tiveram um incremento significativo no número de leitões nascidos nas últimas décadas (DA SILVA et al., 2016). O aumento do número de leitões nascidos, por sua vez, está associado a alguns efeitos indesejáveis como o aumento na duração do parto. Partos excessivamente prolongados são deletérios para a saúde da matriz, podendo resultar em prejuízos nos parâmetros produtivos e reprodutivos (BJÖRKMAN et al., 2018).
Adicionalmente, há prejuízos na vitalidade, sobrevivência e desempenho dos leitões (LANGENDIJK; PLUSH, 2019). No parto, a fêmea suína passa por diversas alterações hormonais e metabólicas durante um período de tempo muito curto (ALGERS; UVNÄS-MOBERG, 2007).
Consequentemente, a cinética do parto pode ser facilmente afetada por fatores relacionados a fêmea, manejo, ambiente e/ou nutrição (PELTONIEMI et al., 2016). A dieta e o manejo nutricional no periparto são um dos fatores mais comumente relacionados a distúrbios no parto. Sendo assim, uma composição corporal adequada e um plano alimentar específico para atender as exigências nutricionais do periparto (dieta de transição) são cruciais para atingir todo o potencial produtivo das fêmeas hiperprolíficas modernas.
Algumas características inerentes a produção suinícola brasileira como dietas pobre em fibras, alimentação fornecida apenas uma ou duas vezes ao dia e o sedentarismo excessivo ao qual as fêmeas suínas são submetidas em sistemas intensivos de produção fazem com que esses animais sejam especialmente susceptíveis a constipação e a problemas metabólicos no periparto (VAN KEMPEN, 2007; FEYERA et al., 2017; FEYERA et al., 2018; CARNEVALE et al., 2020).
A fibra alimentar tem recebido considerável atenção nos últimos anos devido à sua associação com efeitos benéficos sobre o metabolismo, saúde intestinal, composição da microbiota, saciedade, manutenção de níveis glicêmicos e na cinética do parto (THEIL et al., 2011; FEYERA et al., 2018).
Nesse contexto, estudos demonstraram que a inclusão de fibra alimentar nas dietas de transição de fêmeas suínas pode melhorar as características de parto, resultando em benefícios para a saúde, desempenho e bem estar da fêmea e dos leitões. Sendo assim, a seguinte revisão foi elaborada para apresentar e discutir os benefícios da inclusão de fibras na dieta de fêmeas suínas parturientes.