No Brasil, a piscicultura vem ganhando cada vez mais representatividade no agronegócio nacional, mesmo consumindo apenas 1,3 % do total de rações para animais no país. Entre 2014 e 2020, o volume de peixes produzidos passou de 578,80 mil toneladas para 802,93 mil toneladas, representando um crescimento superior a 35% (Peixe BR 2021).
A tilápia é a principal espécie produzida, somente em 2020 mais da metade da produção brasileira foi desta espécie, com 486,15 mil toneladas (60,6% do total) (Figura 3). Este crescimento consolidou o Brasil como o 4º maior produtor mundial, atrás apenas da China, Indonésia e Egito (Peixe BR 2021).
De maneira geral, a produção de tilápias ocorre de forma monofásica, com povoamento direto do alevino até a engorda, ou multifásica, quando há divisão entre as fases de cultivo (alevinagem, recria ou berçário e engorda) (Senar, 2018).
Cultivos multifásicos, por sua vez, possibilitam melhor controle da produção, promovendo maior sobrevivência e uniformidade dos lotes, podendo-se ampliar o número de ciclos anuais de cultivo.
Isto pode ocorrer porque o povoamento do viveiro de engorda ou tanque-rede se dá com animais maiores, conferindo assim um maior controle, maior previsibilidade da despesca e reduzindo o tempo de cultivo nessa fase.
No entanto, a disponibilidade de juvenis de boa qualidade para iniciar o processo de engorda é um gargalo na produção de tilápias em sistemas multifásicos.
Atualmente, a produção de juvenis em escala e com qualidade, ainda é escasso, tornando seu valor de mercado elevado. Normalmente os cultivos são realizados em viveiros escavados com troca de água continua, o que pode comprometer a biosseguridade facilitando a entrada de patógenos.
Uma opção para o setor ganhar escala, controle e previsibilidade seriam cultivos na fase de berçário em ambientes fechados, intensivos e controlados como os sistemas de recirculação de água (‘RAS’ na sua sigla em inglês), bioflocos ou híbridos (BioRAS).
Essa produção escalonada de juvenis nestes sistemas já ocorre em outras industrias aquícolas como a do salmão e do camarão marinho Litopenaeus vannamei. Na tilapicultura, a adoção dessas novas tecnologias ainda é tímida e pesquisas vem sendo desenvolvidas visando aprimorar esses sistemas e alavancar ainda mais a produção de tilápias.